sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Problem Based Learning (Ensino Baseado em Problemas - PBL)


Recebi alguns e-mails dos meus amigos graduandos me perguntando sobre o PBL, outros dizendo que suas faculdades adotam este método de ensino e pediram uma postagem a respeito! E aqui está ela! Hoje vim falar sobre o Ensino Baseado em Problemas!



UM BREVE HISTÓRICO

A PBL foi criada por volta dos anos 70, na McMaster University, no Canadá, Michigan State University, nos Estados Unidos, Universidade de Maastricht, na Holanda e NewCastle University, na Austrália. Esse projeto foi impulsionado pelo baixo rendimento dos alunos no que diz respeito à resolução de problemas que fazia parte do seu dia-a-dia profissional. Foi na década de 80 que a PBL ganhou força nos Estados Unidos, no que diz respeito à educação médica, através do relatório GPEP (Report of the Panel on the General Professional Education of the Physician and College Preparation for Medicine), onde o mesmo recomendava mudanças na educação médica, como a promoção de aprendizagem baseada em problemas, redução do horário de aula, avaliar a capacidade de aprendizado dos alunos de forma independente. Como parte natural do processo, as escolas começaram a desenvolver alternativas paralelas de currículos alinhados com as práticas da PBL.

Por volta da década de 90 começam a surgir à adoção de PBL por escolas fora da área médica, como: Arquitetura, administração, engenharia química, direito, enfermagem, trabalho social, pedagogia e licenciatura. A PBL também é frequentemente integrada a disciplinas como: Biologia, bioquímica, cálculo, química, economia, geologia, psicologia, ciências, física, história da arte, psicologia educacional, nutrição entre outras.

Um extenso estudo, 20 anos de pesquisa, foi realizado para verificar a eficácia da PBL comparada a métodos tradicionais em escolas de medicina. A conclusão destes estudos é que em termos de testes de conhecimento a abordagem utilizando PBL foi comparada de forma igual à abordagem tradicional, mas, os alunos que estudaram usando PBL tiveram um melhor desempenho na resolução de problemas clínicos. Outro estudo, de menor porte, realizado com graduados de um programa de fisioterapia que adotava PBL, mostrou que o desempenho também era similar a métodos tradicionais, no entanto, os estudantes se mostraram mais abertos ao modelo PBL e desta forma, estavam mais empenhados em aprender o conteúdo. As pesquisas não pararam e um relatório recente fez uma sistemática revisão da eficácia da PBL utilizada em programas de educação e a conclusão é de que não há evidência suficiente para responder às perguntas sobre a eficácia da PBL.



DISSECANDO A PBL

Segundo o site da UNIFESP, http://www.unifesp.br/centros/cedess/pbl/, " O Aprendizado Baseado em Problemas (Problem-Based Learning - PBL) destaca o uso de um contexto clínico para o aprendizado, promove o desenvolvimento da habilidade de trabalhar em grupo, e também estimula o estudo individual, de acordo com os interesses e o ritmo de cada estudante. O aprendizado passa a ser centrado no aluno, que sai do papel de receptor passivo, para o de agente e principal responsável pelo seu aprendizado.Os professores que atuam como tutores (ou facilitadores) nos grupos têm a oportunidade de conhecer bem os estudantes e de manter contato com eles durante todo o curso." 

A metodologia do PBL enfatiza o aprendizado auto-dirigido, centrado no estudante. Grupos de até 12 estudantes se reúnem com um docente (tutor ou facilitador) duas ou três vezes por semana. O professor não "ensina" da maneira tradicional, mas facilita a discussão dos alunos, conduzindo-a quando necessário e indicando os recursos didáticos úteis para cada situação. 

Uma sessão tutorial inicial trabalha os conhecimentos prévios dos estudantes sobre o assunto apresentado; os problemas são primeiramente identificados e listados, e em seguida são formulados os objetivos de aprendizado, com base em tópicos considerados úteis para o esclarecimento e a resolução do problema. Na etapa seguinte os estudantes vão trabalhar independentemente, na busca de informações e na sua elaboração (estudo auto-dirigido) antes da próxima sessão tutorial, quando as informações trazidas por todos serão discutidas e integradas no contexto do caso-problema.

*A metodologia do PBL é considerada ideal para os estudantes que: 
- Sentem-se à vontade formulando objetivos de aprendizado flexiveis mesmo que apresentem, por vezes, alguma ambiguidade;
- Aprendem melhor com leitura e discussão; 
 - Consideram desejável que seu aprendizado seja sempre em um contexto clínico.

O site da University of Delaware tem uma parte exclusiva para a PBL, eu li e gostei, deem uma olhada lá! http://www.udel.edu/inst/







POR QUE PBL?

O currículo tradicional, baseado na divisão de disciplinas, que a maioria das escolas adota, surgiu na década de 20, nos Estados Unidos. O número de publicações e os meios de divulgação de conhecimentos aumentou drasticamente. O resultado foi uma compressão absurda de informações nos quatro primeiros anos de curso, com sobrecarga do cognitivo e pulverização do conhecimento. Dois dos principais problemas deste método hoje clássico são a falta de integração entre as disciplinas, principalmente entre as da base e as específicas e a excessiva autonomia do docente frente a sua disciplina. As formas de controle desta autonomia, através das ementas e programas aprovados pelos órgãos colegiados, raramente conseguem impedir que os docentes incorporem, a cada ano, mais conteúdo, de forma indisciplinada e relativamente anárquica. As avaliações, acompanhando estes problemas, são muito freqüentes, geralmente restritas à esfera cognitiva, coordenadas apenas pelo docente que as faz segundo seu critério de importância, muitas vezes exigindo esforço descabido por parte do aluno e resultando na prática de estratégias pedagógicas "terroristas". Desde a década de 50 currículos alternativos têm sido propostos para controlar estes males, geralmente com pouco sucesso e vida mais ou menos efêmera. Há, hoje, um consenso entre os educadores que o aprendizado deveria ser mais centrado no aluno, que deveria dispor de mais carga horária para atividades de pesquisa e de estudo.

ALGUMAS CONCLUSÕES
 
A aprendizagem baseada em problemas parece ser mais do que uma moda passageira na educação. Este modelo de instrução tem um impressionante histórico de sucesso em educação nas mais diversas disciplinas.
Enquanto a aprendizagem baseada em problemas é muito conhecida na educação médica, é pouco conhecida em outras áreas de conhecimento. Pode-se ir além e dizer que quase não é conhecida nos conteúdos da educação fundamental e média. A isso, podemos citar como principal causa, a grande dificuldade que existe em adotar qualquer que seja um modelo educacional inovador na educação pública.
Certamente, podemos considerar que a educação pública tem um peso muito forte, pois segundo o INEP, hoje é responsável 85% dos estudantes da educação básica.
Outro fator que certamente dificulta a implantação de modelos inovadores na educação fundamental e média são as limitações das escolas ao currículo que é determinado pelas secretarias. Observa-se também que existe sempre uma expectativa de que os métodos de ensino-aprendizagem vão produzir um produto uniforme, resultado este que certamente será frustrado ao implantar PBL.
O que vemos no modelo tradicional são a presença de testes padrões, datas impostas, horários determinados e um ensino que se concentra em repetição e memorização. Em um ambiente assim não há espaço para que professores e alunos mergulharem em um problema interessante.
Felizmente, existem muitos esforços em andamento para contornar as limitações de salas de aulas tradicionais. Cabe aos  educadores e pesquisadores abraçar esta causa e se empenharem para trazerem modelos inovadores para os alunos.
Ainda existem dúvidas acerca das vantagens da PBL em relação ao modelo tradicional de ensino, no entanto, não se pode desprezar a clara eficiência do modelo em colocar o aluno como ser ativo no processo de ensino-aprendizagem e ainda de colocar o professor como um tutor que incentiva o aluno a construir as suas próprias conclusões apenas o direcionando para o rumo certo, essas são características que certamente farão parte do futuro da educação.
Ainda, pode-se destacar a forte aproximação deste modelo com os atuais meios de comunicação, como as redes sociais, ou mesmo o acesso à tecnologia, que hoje já é uma realidade crescente, desta forma, a educação precisa evoluir com essas gerações e acompanhar esse turbilhão de mudanças e tendências.

Eu não conhecia muito sobre PBL, parei para ler esses dias, e achei bem interessante, inovador e promissor! Bom, não posso dar um parecer pessoal a respeito disso, mas certamente os leitores que vivem a PBL podem dar relatos, é só enviar para o e-mail, ou publicar nos comentários e eu atualizo a postagem! =D

Espero que tenha esclarecido para quem tem dúvidas, e acrescentado para quem conhece um pouco este modelo! Erros e acréscimos é só me dizer!

Você tem alguma sugestão, postagem que queira pedir, ideia, ou quer colaborar com um texto, uma coluna, ou contar sua história? Só entrar em contato com o blog! Através do e-mail: coletaneastreita.gmail.com 
Mande seu 'oi' e participe da nossa página! Afinal, isso aqui é só um reflexo do que vocês querem ler, e juntos vamos além! Espero pela sua sugestão! 

Abraços e Até mais!!

 

(Muitas fontes foram utilizadas para criar esse texto, se quiserem é só pedir através do e-mail que envio a vocês)



5 comentários:

  1. Mais uma vez mandou bem, Carlos!
    Eu adoraria estudar pelo método PBL. Acho muito mais produtivo e desafiador. Acredito que essa necessidade constante de interação e discussão amplia visões - seja qual for a área de conhecimento em questão. Além disso, torna o estudante mais aberto a receber críticas e assistências.
    Bjs

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  2. Adorei a postagem. Foi bem esclarecedora!
    Eu, que ainda sou vestibulanda, conhecia muito pouco de como era a metodologia do PBL.
    Já li vários artigos sobre ele, mas você conseguiu comentar sobre vários aspectos do PBL de uma forma fácil e didática. Só pesquisei por curiosidade, porque quando fui prestar o vestibular da universidade particular onde moro, na grade curricular dizia que eles usavam esse método.
    Continue escrevendo, blogueiro. Ler seu blog também é uma terapia pra mim.

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  3. Faltou citar as referências bibliográficas de forma mais específica.

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  4. Olá!

    Poderia me enviar as fontes? Meu e-mail é professora.quimica@yahoo.com.br

    Obrigado.

    Mônica

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  5. Olá poderia me enviar as fontes? Sou estudante de graduação e minha monografia será sobre PBL. Meu email é a.b.menezes@hotmail.com

    Obrigada.

    Andrea

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